Alice era uma menina linda. Tinha os olhos cor de mel, quase amarelos, e cabelos longos, levemente ondulados e ruivos, bem ruivos. Estatura mediana, nem tão magra, nem tão gorda. Voz de anjo e facilidade para lidar com as pessoas. Chamava muita atenção e talvez, por conta disso, muitos não gostavam dela. Inveja alheia. Já havia namorado três rapazes e nunca conseguiu encontrar um amor verdadeiro.
Daniel era um rapaz alto, bem alto. Olhos escuros bem profundos e cabelos tão igualmente escuros. Fazia o tipo nem lindo de morrer, nem feio de se esconder. Era um rapaz elegante e que não causava nenhuma reação estrambótica. Por sua vez não chamava tanta atenção pela aparência, mas conseguia multidões de admiradores pelos seus sábios conselhos. A cerca do amor, ele aguardava por uma única mulher que arrebatasse seu coração e antes dela, não havia nenhuma outra.
Cada um vivia no seu mundo, embora os dois tivessem amigos em comum. Durante cinco anos passaram um pelo outro sem se perceberem, e talvez tenham se falado umas três vezes por conta da educação.
Mas algo inesperado e inimaginável aconteceu. Daniel começou a ser perseguido por inúmeros sonhos todas as noites e às vezes três vezes por noite. A bela ruiva invadia seu descanso e atormentava seus pensamentos. Porque ela? Questionava-se. Porque tantos sonhos? Decidiu então que a procuraria e lhe falaria sobre isso.
De começo, para não assustar tanto, passava por ela e a cumprimentava, e os dois começaram a criar uma espécie de afinidade. Que não era bem isso, mas era parecido. Ao passar de um mês, ele decidiu que contaria tudo. Ele estava disposto a enfrentar tudo e qualquer coisa por Alice, afinal, entendia que havia encontrado o grande amor de sua vida. Marcaram. Naquela manhã, caminhando pela praia, Daniel entregou seu coração para Alice. Ela não soube o que fazer com tanto e no começo resistiu o máximo que pôde.
Os dias iam se passando e ele ia encharcando-a de amor. Um amor que ela jamais conhecera, e que mexia e inquietava profundamente todo o seu ser. Ele não fazia o tipo dela, mas ele todos os dias a convencia, sem saber, de que ele era o que ela precisava.
Os dois começaram a ser falar freqüentemente, e isso começou a provocar confusão na cabeça de seus amigos em comum, que não gostaram nada dessa situação. Começaram então a armar. Conseguiram três pretendentes para ela e à medida que ela os negava, eles se enchiam de raiva e tentavam convence-lo de que ela não prestava para ele.
Os dois não se abateram e nem se deixaram levar por essas circunstâncias, afinal, circunstâncias maiores eles enfrentavam dentro dos próprios corações. Ele a amava sem pedir nada em troca. Ela reconhecia o seu amor e não conseguia amá-lo.
Passou-se mais um tempo e Alice acordou sentindo seu coração queimar, arder, bater mais forte. Era um sentimento novo, que ela nem ao menos sabia compreender. Passou o dia todo assim. Na universidade, depois no trabalho, seu coração continuava arder. Inquieta, decidiu tomar um banho, se arrumar de um jeito diferente e talvez especial. Só queria ver Daniel o mais rápido possível. Então, ao anoitecer, desceu a rua e dobrou algumas esquinas até o seu encontro. Ele estava na faculdade, e ela interrompeu sua aula e interromperia seja lá o que fosse. Seu coração gritava tão alto que todos podiam ouvir. Então, Alice segurou a mão de Daniel, olhou bem nos seus olhos, e com os olhos cheios de lágrimas disse: Eu amo você.

Por: Ariela Bonfim

Mais uma manhã de sexta-feira, Ana tinha que acordar cedo e cumprir seus deveres. Não poderia ser diferente. Despertou aos poucos, sentiu a preguiça tomando conta de si. Fez sua oração, olhou para o relógio pela terceira vez, já era hora de levantar...
Foi direto para o banheiro, a fim de tomar um bom banho quente, ela sempre gostou de banho quente. Ao se olhar no espelho, sentiu um entusiasmo inexplicável, logo se apressou. Vestiu uma roupa confortável, toda combinada, e por fim calçou seu velho all star. Penteou os cabelos suavemente, admirando o novo visual, havia mudado a cor das madeixas. Arrumou livros, caderno, estojo e outros acessórios em sua bolsa. Correu para a cozinha, pegou sua água e se dirigiu à porta. Ops! Esqueceu suas chaves coloridas no quarto. Voltou bem rápido. Ufa! Ainda estava em tempo...
Ana faz o mesmo percurso todos os dias. Quando cansa, passa por uma rua ou outra diferente. Casa, ponto de ônibus, estrada, universidade...
No caminho, como de costume, contemplou o céu, desejando dias produtivos. Ela sempre se encantou com a natureza, pequenos detalhes. Seguiu sorridente, e encontrou os amigos no ponto do “buzu”. A viagem foi tranqüila, bateu um papo com o pessoal e depois descansou ouvindo um pouco de música.
Sete horas e quinze minutos, chegou a seu destino. Algumas vezes chegava às 07h10min, 07h20min, mas só algumas vezes...
Ela gosta do ambiente de estudos, de se comunicar com todos, conversar sobre todo o tipo de coisa, fazer alguns planos, dizer como foi o dia anterior.
Sua aula começou mais tarde aquele dia, mas não demorou muito. Recebeu um telefonema, e com ele uma boa notícia. Não pensou duas vezes e partiu. Nem se importou com o longo caminho, muito longo mesmo. Ana andou muitos quilômetros, mas não importava, estava feliz. Com um pouco de sorte conseguiu dar conta de todos os afazeres. Seus pés estavam doloridos, mas o cansaço não venceu a jovem estudante. Naquele dia, muito esforço ela teve que fazer, mas a recompensa veio logo em seguida. Novo emprego, nova casa, encontros casuais com velhos amigos, boas lembranças, um bom sorvete. Para ela, isso é o que vale.

M.

Dias quentes em Brumado, só "para variar". Matei a saudade da família e dos amigos.
Por que será que achamos que certos problemas nunca acontecerão com a gente ou alguém próximo? O poder divino é incrível!
Grávida do meu segundo filho, descobri algumas complicações e passei os últimos três meses de gestação em constante repouso e observação.
No dia 2 de Setembro minha vida mudou: nasceu um pequeno príncipe! Prematuro, com apenas oito meses, o pequeno veio ao mundo. Foi um processo complicado, que iniciou às sete da manhã e se estendeu até às sete da noite. Na verdade, eu também nasci, ou melhor, renasci. Com problemas no parto, perdi quase todo o sangue do meu corpo. Cerca de seis médicos participaram, em meio a cirurgias e anestesias, parecia não haver mais saída. Os sinais vitais eram cada vez menores, eu estava extremamente pálida... Mas a minha fé e força falaram mais alto, tive uma recuperação surpreendente! E mais uma vez lhes digo: o poder divino é mesmo incrível!
Meus olhos encheram de água quando olhei para o neném, tão pequenino e frágil, tamanha era a sua beleza! Senti-me uma mulher guerreira, mais madura, feliz e aliviada. Pude perceber que a vida pode ser melhor, basta querer, ou pelo menos se esforçar. Mais otimismo e bom humor em nossas vidas! (:

M.

Dias quentes em Brumado, só "para variar". Matou a saudade da família e dos amigos.
Por que será que acham que certos problemas nunca acontecerão consigo mesmo ou alguém próximo? O poder divino é incrível!
Grávida de seu segundo filho, Ana descobriu algumas complicações e passou os últimos três meses de gestação em constante repouso e observação.
No dia 2 de Setembro sua vida mudou: nasceu um pequeno príncipe! Prematuro, com apenas oito meses, o pequeno veio ao mundo. Foi um processo complicado, que iniciou às sete da manhã e se estendeu até às sete da noite. Na verdade, ela também nasceu, ou melhor, renasceu. Com problemas no parto, perdeu quase todo o sangue do seu corpo. Cerca de seis médicos participaram, em meio a cirurgias e anestesias, parecia não haver mais saída. Os sinais vitais eram cada vez menores, ela estava extremamente pálida... Mas a fé e a força falaram mais alto, sua recuperação foi surpreendente! O poder divino é incrível mesmo!
Seus olhos encheram de água quando viu o neném, tão pequenino e frágil, tamanha era a sua beleza! Sentiu-se uma mulher guerreira, mais madura, feliz e aliviada. Pode perceber que a vida pode ser melhor, basta querer, ou pelo menos se esforçar. Mais otimismo e bom humor para uma vida melhor! (:

M.

Durante doze anos de sua vida, ela freqüentou o mesmo lugar todas as semanas, às vezes quatro vezes por semana. Cresceu ali e embora fizesse alguns amigos ao longo dos anos, ela sempre estava só... Era sempre assim, ela chegava, subia no palco, cantava, descia e se sentava só. Todos a conheciam, mas por algum motivo as pessoas tinham dificuldade de se aproximar.
Foram anos assim e a maioria deles, ela estava sempre só. Parece que isso não a incomodava muito, se não fosse o fato de que de algumas vezes ela demonstrasse querer ter amigos mais fixos.
Pela expressão de seu rosto, dava a impressão de preocupação com algo futuro, mas não era possível perceber ao certo o que podia ser. Seus olhos divagavam para um lado e para o outro na procura de algo, talvez de alguém.
Mas, em certo feriado, foi marcado um intercâmbio entre a sua cidade e outra para que pudesse haver uma confraternização, e o mais esquisito aconteceu: ela se enturmou tanto que, em apenas um dia, pareceu conhecer seus melhores amigos de infância que em doze anos não conseguira. Diferente não? Que seja, mas o importante é que acabaram os seus dias de solidão.

Durante doze anos da minha vida freqüentei o mesmo lugar todas as semanas. Às vezes quatro vezes por semana. Cresci ali dentro e embora fizesse alguns amigos ao longo dos anos, eu sempre estava sozinha. Era sempre assim, eu chegava, subia no palco, cantava, descia e me sentava só. Todos me conheciam, mas por algum motivo eles tinham dificuldades de se aproximar.
Foram anos assim e a maioria deles, estava eu lá, sempre só. Isso não me incomodava, mas de uma certa forma eu queria ter amigos mais fixos.
Muitas vezes pensei em minha velhice e nos dias que eu gostaria de ter companhia e às vezes me assustava, não queria ficar só.
Mas em certo feriado, marcaram um intercambio com outra cidade pra que nós pudéssemos nos confraternizar, e o mais esquisito aconteceu, em um dia, conheci meus melhores amigos de infância que em doze anos eu não consegui fazer. Será que era realmente preciso fazer um intercambio com outro lugar pra que eu pudesse conhecer as pessoas da minha própria cidade? Gozado isso...mas agora não importa, o importante mesmo é que acabaram os meus dias de solidão.